28 de novembro de 2009

A Rainha do Castelo do Ar de Stieg Larsson

Rainha do Castelo de Ar

Com mais de 15 milhões de exemplares vendidos no mundo, a trilogia Millennium é uma das mais bem-sucedidas séries policiais dos últimos anos. Quer seja tratando da violência contra as mulheres, quer seja enfocando os crimes cometidos por magnatas ou pelo Estado, a saga cumpre sua principal missão: a de nos envolver numa leitura absorvente, cheia de mistérios.
Neste terceiro e último volume da série, Lisbeth Salander se recupera, num hospital, de ferimentos que quase lhe tiraram a vida, enquanto Mikael Blomkvist procura conduzir uma investigação paralela que prove a inocência de sua amiga, acusada de vários crimes. Mas a jovem não fica parada, e muito mais do que uma chance para defender-se, ela quer uma oportunidade para dar o troco. E agora conta com excelentes aliados. Além de Mikael, jornalista investigativo que já desbaratou esquemas fraudulentos e solucionou crimes escabrosos, no mesmo front estão Annika Giannini, advogada especializada em defender mulheres vítimas de violência, e o inspetor Jan Bublanski, que segue sua própria linha investigativa, na contramão da promotoria.
Com a ajuda deles, Lisbeth está muito perto de desmantelar um plano sórdido que durante anos se articulou nos subterrâneos do Estado sueco, um complô em cujo centro está um perigoso espião russo que ela já tentou matar. Duas vezes.
A rainha do castelo de ar enfoca de modo original as mazelas da sociedade atual, tendo conquistado um lugar único dentro da literatura policial contemporânea.

Um excelente desfecho para uma excelente trilogia!!!

Stieg Larsson escreve de forma a prender a atenção do leitor e o conduz pela trama com maestria. Achei fantástica as investigações e o suspense que marcaram a trama. Tenho certeza que Lisbeth será uma de minhas heroinas favoritas de todos os tempos. Mikael é o mesmo de sempre – totalmente focado em sua reportagem e em suas mulheres. Érica me surpreendeu agradavelmente nesse livro. Seu personagem cresceu e apareceu!

Nesse terceiro volume, vemos Lisbeth hospitalizada e presa. Sua situação não é das melhores, mas ela pode contar com amigos fiéis - Mikael, Dragan, Annika e o Dr Jonnason (que teve uma participação fantástica!) - que estão dispostos a tudo para provar sua inocência e a revelar a armação de que foi vítima.

Do um lado temos a Seção e seus espiões. Eles estão dispostos a tudo para calar Lisbeth e impedir a verdade de vir a tona – mesmo porque, se isso acontecer, eles vão ser os grande prejudicados. Do outro lado temos Mikael e seu companheiros – que se unem à polícia secreta (SAPO) - para impedir que, mais uma vez, a injustiça prevaleça. Uma batalha travada com muito jogo sujo, muita desinformação e uma tensão que me fazia ficar lendo até altas horas!

A história do livro é bem conduzida e Stieg fecha tudo com brilhantismo. Claro que algumas pontas ficaram soltas – pode até ser que ele fosse retomá-las em algum ponto no futuro, mas com sua morte prematura, como saber?  O que mais senti foi não se falar sobre a reportagem que Erika encomendou ao jornalista do SMP. E meu lado romântico também sentiu falta de romance, mas nada que a trama eletrizante não resolvesse.

20 de novembro de 2009

Waking Nightmare de Kylie Brant

 

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Primeiro ele descobre seus medos mais profundos… Então ele faz você vivenciá-los.

Com um estuprador em série  solto nas ruas de Savannah, o detetive Ryne Robel precisa de toda a ajuda que conseguir para sua força tarefa. E ele precisa já, antes que outra mulher seja atacada. Mas Abbie Phillips não é o que ele pediu. Enviada de um  grupo exclusivo dos melhores criminologistas do país, ela é inteligente, feroz… e uma distração. Ela pode ser uma brilhante perita em perfis psicológicos, mas Ryne precisa de respostas, não de baboseira psiquicas e jogos mentais.

Contudo, Abbie o convence de que jogos mentais é exatamente o que esse esquivo suspeito quer. Os aparentemente aleatórios atos de tortura são na realidade calculados para atingir os piores medos de cada vítima. E as apostas estão subindo. Enquanto eles estudam o dúbio psicopata, ele os está observando – as próximas vítimas de sua horrenda obsessão.

Primeiro livro dessa autora que leio. E também o primeiro de uma série – The Mindhunters. O que me atraiu além do romance policial,  que adoro, foi o fato dos perfis psicológicos. Para uma fã de Criminal Minds posso dizer que  o livro foi uma ótima surpresa!

Há um estuprador sádico atacando as mulheres de Savannah. Robel não tem nenhuma pista para pegá-lo. Apenas o Modus Operandi – ele espera a vítima dentro da casa e injeta drogas que ampliam a dor e as sensações, ao mesmo tempo em que deixam a vítima sem poder reagir. Depois, cada ataque é executado de modo diferente – mutilações, afogamentos, incêndios, sufocação…

Abbie chega para ajudar a força tarefa a traçar o perfil psicológico do suspeito. A princípio, ela é recebida friamente por Ryne e os outros detetives, mas depois ela começa a provar seu valor e sua capacidade de investigação e de interrogatório das vítimas. Estudando os ataques e conversando com as mulheres atacadas, ela descobre que o bandido as fazia reviver seus piores medos. Abbie percebe, então, que o final do estupro, não é o final do sofrimento para as mulheres. E é isso o que o maníaco pretende. É esse o elo dos ataques aparentemente aleatórios.

Gostei muito do modo como Kylie conduziu a investigação e o modo como tratou o envolvimento romântico entre Abbie e Ryne. O passo a passo do trabalho policial – checar pistas, pesquisas, entrevistas, relatórios – tudo muito bem elaborado e descrito. Ela conseguiu me surpreender e me levar a pensar em alguns suspeitos, mas nem cheguei perto da verdade…

Quanto ao romance de Abbie e Ryne, achei super realista. Duas pessoas com passados sofridos e com medo de relacionamentos que vão se abrindo aos poucos e aprendendo a confiar e a assumir os sentimentos. Mesmo sendo um livro policial e com uma investigação consistente, a parte romântica é ótima. Claro, vou continuar a seguir a série.

14 de novembro de 2009

Blaze of Memory de Nalini Singh

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Dev Santos a encontra inconsciente e espancada, sem memória de quem ela é. Tudo o que ela sabe é que é perigosa. Encarregado de proteger os segredos mais vulneráveis de seu povo, Dev tem como principal dever eliminar todas as ameaças. Uma taref que ele nunca hesitou em cumprir…até que ele se encontra atraído por uma mulher que pode se provar ser a arma mais insidiosa do inimigo.

Despida de todas suas memórias por um sombrio opressor e programada para cometer um assassinato a sangue frio, Katya Haas está lutando desesperadamente por sua sanidade. Sua única esperança é Dev. Mas como ela pode ansiar por ganhar a confiança de um homem que pode muito bem ser seu próximo alvo? Porque nesse jogo, um tem de morrer…

Livro 7 da série Psy-Changeling e, em minha opinião, um dos melhores! Adorei o modo como Dev e Katya foram resolvendo os obstáculos que apareciam e também saber mais sobre a implantação do Silêncio e o que isso custou, e vem custando, aos Psys.

Devraj Santos é o presidente da Shine,  uma organização que une e proteje os Esquecidos. Os Esquecidos são os descendentes dos Psys que se recusaram a aderir ao Silêncio e sairam da PsyNet. Eles foram perseguidos e mortos pelo Conselho Psy e viveram escondidos e fugindo para se protegerem. Com a miscigenção com humanos e changelings ficou mais fácil passarem despercebidos, mas resultou no aparecimento de outros dons psiquicos e na necessidade de união para se ajudarem e continuarem a existir.

Katya Haas é uma médica-cientista Psy – Ekaterina é seu nome e ela já apareceu rapidamente nos outros livros da série. Ela foi brutalmente torturada por Ming LeBon, um dos Conselheiros Psy e o mais perigoso entre eles. A tortura foi mental – Ming a prendeu na própria mente e impediu o acesso dela à PsyNet, que é o que mantém os Psys vivos pois lhes dá o biofeedback. Quando Katya estava quase morrendo, foi deixada na porta de Dev que a acolhe e a leva para tratamento na Shine.

Mesmo sabendo que Katya poderia estar mentalmente comprometida, ou seja, ter um comando implantado em sua mente para matá-lo ou destruir a Shine, Dev a acolhe e proteje. A desconfiança e a atração que sente por Katya o desestabiliza e enfurece. Katya também se sente atraída por Devraj e sabe que pode ser um perigo para ele, mas os sentimentos e sensações são algo novo para ela, pois com a tortura, ela perdeu o condicionamento imposto pelo Silêncio.

Nalini foi brilhante nesse livro! As tramas paralelas foram muito bem elaboradas e completamente bem inseridas na trama principal. As reviravoltas, traições, alianças, tudo prendia a atenção e fazia com que a leitura fluísse num ritmo gostoso. Me emocionei muito com o amor de Dev e Katya e tudo o que tiveram de enfrentar – medos, segredos, mentiras, desconfianças, desejo, paixão, doenças – para poderem ficar juntos.

Um trechinho:

“… Ele não pode evitar. Erguendo um pedaço da suculenta fruta amarela aos lábios dela, ele disse: – Abra.

Com os olhos fixos no dele, ela obedeceu. Os lábios – macios, cheios, úmidos – tocaram em seus dedos enquanto ele a alimentava e foi a sensação mais erótica que ele já sentira. – Bom? – ele perguntou, sua voz rouca.

Um aceno, cabelos loiros captando a luz. – Onde está o sorvete? – uma pergunta simples, mas o modo como ela o olhava dizia algo totalmente diferente.

Relembrando a si mesmo de que, acima de tudo, ela tinha estado inconsciente não muito tempo atrás, ele fechou a porta ao desejo que ameaçava minar cada voto seu, cada promessa. – Eu pego. – Colocando-o na mistura, ele terminou de bater tudo e serviu a ela num copo. – Você também vai comer um lanche.

- Não estou com muita fome.

- Mesmo assim.

Ela bateu o copo na bancada com um barulho. – O que você vai fazer se eu não comer?

- Amarrar você na cadeira e esperar até você decidir cooperar. Daí então eu lhe servirei cada pedaço. – Jogando o pão na bancada ele começou a pegar os recheios. – Comece a fazer seu sanduiche ou eu vou escolher para você.

Dessa vez, o olhar que ela lhe lançou foi de pura fúria feminina.  - Só porque você é grandão não quer dizer que tem o direito de se impor.

- Só porque você é mulher não quer dizer que eu tenha que deixar você fazer as besteiras que quiser.

Ela esparramou manteiga em seu pão e não pegou queijo ou presunto, mas geleia de framboesa.

- Calado! – ela disse quando ele abriu a boca.

Erguendo a sobrancelha ele foi até a despensa e trouxe um vidro de manteiga de amendoim crocante – Combina muito bem.

Ela lhe lançou um olhar de suspeita, mas pegou o vidro. Quieto, ele preparou rapidamente seu próprio sanduiche, então o pegou e ao shake dela e os levou até a mesa. Katya o seguiu depois de um minuto, após  guardar a geléia e a  manteiga de amendóim bem devagar… como se esperando que ele já tivesse se retirado quando ela terminasse.

Quando ela se sentou, manteve os olhos resolutamente em sua refeição.

Ele percebeu que estava sendo ignorado. Sorrindo, ele se esparramou na cadeira, suas pernas invadindo o espaço dela.

Katya passou a vida toda na ciência. Ela podia não se lembrar muito do passado, mas sabia que ela tinha sido centrada, calma, controlada, mesmo sob o Silêncio. Mas hoje, com Dev, ela estava bem próxima de se descontrolar. E agora, ela queria chutar os pés dele para longe de sua cadeira, consciente de que ele estava deliberadamente penetrando em seu espaço pessoal. ..”

7 de novembro de 2009

Eu, prisioneira das Farc de Clara Rojas

 

 

“E essas noites, uma após a outra, durante seis anos de cativeiro, pareciam-me eternas e chegaram a somar milhares de horas de medo, solidão, confusão e tristeza. É algo simplesmente indescritível. E ainda mais duro de suportar, se é que isso é possível, porque peranecíamos muito tempo em vigilia, por causa do medo dos animais, de um enfrentamento militar, da chuva ou do vento. Ou simplesmente pela angústia existencial que cada um de nós sentia.”

Esse livro conta o drama de Clara Rojas, sequestrada pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) com a amiga e candita a presidente Ingrid Betancourt. É um relato em primeira pessoa, comovente, que revela o pesadelo do cativeiro na selva colombiana, local mais improvável para que Clara tivesse o momento mais especial de sua vida: o nascimento do filho Emmanuel.

Tinha visto uma reportagem sobre esse livro na revista VEJA e me interessei! Foi uma leitura reveladora – não tanto quanto eu desejava – mas que mostrou bem o drama de quem é sequestrado pelos terroristas das FARC.

Clara era uma mulher bem sucedida profissionalmente, – advogada competente, trabalhava como coordenadora da campanha de Ingrid Betancourt para a presidência da Colômbia – de 38 anos e cosmopolita. Única filha numa família de quatro irmãos, sempre foi a protegida e a mais amada.

Tudo muda quando, juntamente com Ingrid, é sequestrada pelos guerrilheiros das Farc. São seis anos de privação, sofrimento, dor, doença, desavenças, marchas inclementes e medo atroz. A única coisa boa que encontrou foi a fé e seu filho Emmanuel, nascido nesse período.

Acho que Clara conseguiu passar bem o que sofreu. Quem espera julgamentos e recriminações e panfletagem político-ideológica, pode esquecer. É um relato pessoal do que ela enfrentou, de como enfrentou e de como está lutando para recuperar o tempo que perdeu.

Sinceramente, eu esperava um pouco mais de fervor da parte de Clara para lutar contra as Farcs e a ideologia ultrapassada e sem sentido que defendem. Mas creio que ela está pensando nas pessoas que ainda se encontram em poder dos terroristas e em como ajudá-las e, como ela mesma disse: “As maldições e bênçãos na vida são duas faces da mesma moeda e cada um escolhe como vê-la. Eu tenho certeza de que, se alguém nos fez mal, em vez de amaldiçoá-lo, temos de abençoá-lo. Se pretendo seguir adiante e voltar a ter uma vida plena, preciso perdoar, de coração, todos os que me causaram tanto mal.”

 

Nascida em 1963, em Bogotá, Clara Rojas, advogada de direito comercial, foi professora universitária e era diretora da campanha de Ingrid Betancourt pelo Partido Verde Oxigênio para presidente da Colômbia em 2002, antes de ser sequestrada pelas Farc. Vive hoje com o filho Emmanuel na capital colombiana.

 

Quem quiser ver o video do reencontro entre Clara e Emmanuel – separados quando ele trinha oito meses pode ir para www.euprisioneiradasfarc.com.br

2 de novembro de 2009

A Cruz de Fogo, 2ª Parte de Diana Gabaldon

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A cruz de fogo, que costumava ser usada pelos chefes de clãs nas montanhas da Escócia para convocar seus homens para a guerra, agora convida os leitores brasileiros a apreciar mais um livro da série Outlander protagonizado por viajantes do tempo e um bravo guerreiro escocês.

Claire e Jamie Fraser cruzaram oceanos e atravessaram séculos para construírem uma vida juntos na colônia da Carolina do Norte, às vésperas da Revolução Americana. Tensões, antigas e recentes, porém, ameaçam não só Claire e Jamie, mas também todos os que os cercam, principalmente a filha deles, Brianna, e a família que ela formou ao lado do marido Roger MacKenzie.

A Cruz de Fogo não é apenas um relato de vidas feitas só de aventuras. A Cruz de Fogo tem toda sorte de encruzilhadas. Enquanto se questionam sobre interferir ou não nos eventos que estão por vir, ou sobre a possibilidade de ter outro bebê, Claire, Jamie, Brianna e Roger fazem escolhas e acatam as consequências de suas decisões.

Com um texto primoroso – inteligente, evocativo, sensual – e uma bela dose de fatos históricos, Diana Gabaldon nos apresenta mais um grande livro. Graças a uma pesquisa meticulosa da escritoa, temos acesso a informações pouco conhecidas sobre como homens e mulheres na América de 1770 tratavam doenças, cuidavam da casa e dos filhos, quais eram os métodos contraceptivos disponíveis na época, as técnicas de caça e o que era preciso fazer para sobreviver.

 

Li esse livro beeeeeeeem devagar! Não queria que acabasse, pois sei que agora, só ano que vem tem mais histórias inéditas de Jamie e Claire. Mas releituras sempre são interessantes e é o que me consola…

O resumo acima foi muito acertado. Realmente, Diana nos transporta para a América de 1770! As doenças, os perigos, as aventuras, o trabalho pesado e compensador… tudo é muito bem retratado. Esse é um dos pontos que mais gosto nos livros dessa série – a realidade é muito bem mostrada e sofremos e vibramos e vivemos juntos com os personagens. Diana consegue trazer o leitor para dentro do livro e nos faz ver tudo o que ela descreve!

Achei que Roger roubou um pouco a cena nesse volume. O que ele passou – Deus! – terrível! A provação por que ele passou me fez lembrar muito dos sofrimentos de Jamie… Brianna me surpreendeu também! Geralmente não sou muito fã de Bri. Apesar de ser filha de Jamie e Claire, eu a acho muito fria e fechada e, por que não, um tantinho egoísta. Mas ela conseguiu me mostrar que tem um pouco dos pais dentro de si! Jemmy é um conquistador! Com quase dois anos, ele é simplesmente fofo e adorável! Não nega que tem o sangue de Jamie nas veias… ruivo e de olhos azuis e charmoso! É difícil ver James e Claire como avós, mas eles ficam perfeitos no papel.

Vou terminar a resenha com uma frase de Jamie que achei simplesmente fenomenal!!! Quem lê os livros dessa série sabe que Jamie diz cada coisa que é capaz de derretar um iceberg… mas essa frase merece destaque:

- Quando realmente chegar o dia em que tenhamos que nos separar – ele disse ternamente, virando-se para olhar para mim – , se minhas últimas palavras não forem “Eu a amo”, você vai saber que foi porque não tive tempo.

Dá para não viajar no tempo para ir atrás de um homem desses?